segunda-feira, outubro 03, 2011

LFA

"É preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas da vida. A música. Este céu que nem promete chuva. Aquela estrelinha nascendo ali... está vendo aquela estrelinha? Há milênios não tem feito nada, não guiou os reis magos, nem os pastores, nem os marinheiros perdidos... apenas brilha. Ninguém repara nela porque é uma estrela inútil. Pois é preciso amar o inútil porque no inútil está a beleza. No inútil também está o Deus."

sábado, outubro 01, 2011

Emily Dickson

"IF I can stop one heart from breaking,
I shall not live in vain;
If I can ease one life the aching,
Or cool one pain,
Or help one fainting robin
Unto his nest again,
I shall not live in vain."
[Not In Vain]

CFA

"...temo que seja outra vez aquela coisa piedosa, faminta, as pequenas-esperanças, mas quando desvio meu olho do teu, dentro de mim guardo sempre teu rosto e sei que por escolha impossível recuar para não ir até o fim e o fundo disso que nunca vivi antes e talvez tenha inventado apenas para me distrair nesses dias..."


http://www.listal.com/list/caio-fernando-abreu

Guimarães

"Ah, fico me rindo. O senhor nem não diga nada. 'Vida' é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma idéia falsa. Cada dia é um dia"

gr3

Mesmo no céu, fim de fim, como é que a alma vence se esquecer de tantos sofrimentos e maldades, no recebido e no dado?"


" O Noivo se retirou, com a Noiva; e mais uns, que com mais sono, já estando soprando nas palhas. resolvemos revezar vigias. Eu, feliz, olhei minha Sa-Maria Andreza; fogo de amor, verbigrácia. Mão na mão, eu lhe dizendo-na outra o rifle empunhado-; _ "Vamos dormir abraçados..." As coisas que estão para a aurora, são antes à noite confiadas. Bom. Adormecemos.

"E eles passaram feito faca. Feito flecha. Feito fogo."
"Eu amo vacas e cavalos. No olhar dos cavalos se esconde toda tristeza do mundo."

"O diabo? Não há! o que existe é homem humano. Se for? Travessia."

"...a gente morre é para provar que viveu."

"Essas coisas acontecem nuns escuros, é custoso de saber se a gente deve se aprovar ou confessar um arrependimento: nos caroços daquele angu, tudo tão misturado, o ruim e o bom."

"Para teimar e trabalhar, se crescia, numa coragem de morder os ferros."

"As pessoas - baile de flores degoladas, que procuram suas hastes."

‘Eu careço de que bom seja bom e que o ruim ruim, que dum lado esteja o preto e do outro o branco, que o feio fique bem apartado do bonito e a alegria longe da tristeza! Quero os todos pastos demarcados...Como é que posso com este mundo? A vida é ingrata, no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do fel do desespero. Ao que, este mundo é muito misturado...’

(...) as borboletas que são indecisos pedacinhos brancos piscando-se (...)

Todos os dias que depois vieram, eram tempo de doer. Miguilim tinha sido arrancado de uma porção de coisas, e estava no mesmo lugar. Quando chegava o poder de chorar, era até bom - enquanto estava chorando, parecia que a alma toda se sacudia, misturando ao vivo todas as lembranças, as mais novas e as muito antigas"

"Medo de morrer, tinha; mesmo a vida sendo triste"

"No Dito, pensava sempre. Mas, mesmo quando não estava pensando conseguido, dentro dele parava uma tristeza: tristeza calada, completa, comum das coisas quando as pessoas foram embora"

"Alegre era a gente viver devagarzinho, miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma"

- "Mãe, mas por que é, então, para que é, que acontece tudo?!"


"Mas eu fui sempre um fugidor. Ao que fugi até da precisão de fuga".


"Eu não escrevo difícil, eu sei o nome das coisas."

"Quando eu morrer, que me enterrem na
beira do chapadão
-- contente com minha terra
cansado de tanta guerra
crescido de coração"

Ir para onde? ... Não importa, prá frente é que a gente vai!... Mas, depois. Agora é sentar nas folhas secas e aguentar. O começo do acesso é bom, é gostoso: é a única coisa boa que a vida ainda tem. Pára, para tremer. E para pensar. Também.
Estremecem, amarelas, as flôres da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de anúm crispa as folhas, longas como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala, do jarrête à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrendo em convulsões.
- Mas, meu Deus, como isso é bonito! que lugar bonito p'rá gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão'.


"Amigo? Aí foi isso que eu entendi? Ah, não; amigo, para mim, é diferente. Não é um ajuste de um dar serviço ao outro, e receber, e saírem por este mundo, barganhando ajudas, ainda que sendo com o fazer a injustiça aos demais. Amigo, para mim, é só isto; é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. Ou - amigo - é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é."


"E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar da rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa-mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança".

Sou, porém, positivo, um racional, piso o chão a pés e patas"


A gente sempre, em lugar de só querer ver a verdade exata com intuito de julgar direito, acaba mais é cometendo injustiças por falta de ternura e caridade". (Dostoievski)

GR2

"Que vontade era de por os meus dedos, de leve, o leve, nos meigos olhos dele, ocultando, para não ter de tolerar, de ver assim o chamado, até que ponto esses olhos, sempre havendo aquela beleza verde, me adoecido, tão impossível..."(Riobaldo - Rosa)

"Porque aprender a viver é que é o viver mesmo."

"Eu sou é eu mesmo, divêrjo de todo mundo. Eu quase que não sei de nada, mas desconfio de muita coisa."

“Tudo o que já foi é o começo do que vai vir”

"...a cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que hão de haver são demais de muitas, muito maiores diferentes, e a gente tem de necessitar de aumentar a cabeça, para o total."

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."

Eles se disseram, assim eles dois, coisas grandes em palavras pequenas, ti a mim, me a ti, e tanto".

"O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. Verdade maior."

"Quanto mais ando, querendo pessoas, parece que entro mais no sozinho do vago..."

"Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta" G. Ros
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"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é a fazer maiores perguntas."

"acho que, às vezes, é até com ajuda do ódio que se tem de uma pessoa que o amor tido a outra aumenta mais forte. Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe."

"Esperar é reconhecer-se incompleto."não esperar inclui misteriosas certezas.

Hoje, eu penso, o senhor sabe: acho que o sentir da gente volteia, mas em certos modos, rodando em si mas por regras. O prazer muito vira medo, o medo vira ódio, o ódio vira esses desesperos? - desespero é bom que vire a maior tristeza, constante então para o um amor - quanta saudade... -; aí outra esperança já vem... Mas a brasinha de tudo, é só o mesmo carvão só.

O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais."

Para mim mesmo, sou anônimo; o mais fundo de meus pensamentos não entende minhas palavras: só sabemos de nós mesmos com muita confusão.

Só o amor em linhas gerais infunde simpatia e sentido à história, sobre cujo fim vogam inexatidões, convindo se componham; o amor e seu milhão de significado.

"Mas a vida da gente é muito segundas-e-sábados"

"E, o que era que eu queria? Ah, acho que não queria mesmo nada, de tanto que eu queria só tudo. Uma coisa, a coisa, esta coisa: eu somente queria era - ficar sendo!
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"Amor é assim - o rato que sai dum buraquinho: é um ratazão, é um tigre leão!"

"Ah, as coisas influentes da vida chegam assim sorrateiras, ladroalmente"

"Foram infelizes e felizes, misturadamente."
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"Contudo, e felizes, alguma outra coisa se agitava neles, confusa - assim rosa-amor-espinhos-saudade"
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"E é graças aos encontros inesperados dos velhos amigos que eu fico reconhececendo que o mundo é pequeno e, como sala-de-espera, ótimo, facilimo de se aturar..."
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,O que a vida quer da gente é coragem. o que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser feliz, a mais, no meio da alegria e inda mais feliz ainda no meio da tristeza. So assim, de repente, na horinha em que se quer, de proposio - por coragem. "

"Mas nada disso vale fala, porque a estória de um burrinho, como a história de um homem grande, é bem dada no resumo de um só dia de sua vida."

"Sempre sei, realmente. Só o que eu quis, todo o tempo, e o que pelejei para achar, era uma só coisa - a inteira - cujo significado e vislumbrado dela eu vejo que sempre tive. A que era: que existe uma receita, norma dum caminho certo, estreito, de cada uma pessoa viver - e essa norma cada um tem - mas a gente mesmo, no comum, não sabe encontrar; como é que sozinho, por si, alguém ia poder encontrar e saber? Mas, esse norteado, tem. Se não, a vida de todos ficava sempre o confuso dessa doideira que é. E que: para cada dia, cada hora, só uma ação possível da gente é que consegue ser a certa."

“Fiz o caminho. Sem tomar direção, sem saber do caminho.
Pé por pé, pé por si. Deixei que o caminho me escolha.
Na travessia, só silêncio. O nenhuns-nada.
O alegre, mesmo, era a gente viver devagarinho, miudinho,
não se importando demais com coisa nenhuma.
Nessa estrada, salvou-me a palavra”.
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,"Jó Joaquim, genial, operava o passado - plástico e contraditório rascunho. Criava nova, transformada realidade, mais alta. Mais certa?"

"Infelicidade é questão de prefixo. Manejava a tristeza animal, provisória e perturbável. Viver é um rasgar-se e remendar-se".

" Felicidade se acha é em horinhas de descuido"

"era uma viagem inventada no feliz"

"Aquele verde, arenoso, mas tão moço, tinha muita velhice, querendo me contar coisas que a idéia da gente não dá para se entender - e acho que é por isso que a gente morre."

"Será que a vida socorre à gente certos avisos?"

"Eu não sentia nada. Só uma transformação, pesável. Muita coisa importante falta nome".