quarta-feira, dezembro 06, 2006

[" Não ofereço perigo algum: sou quieto como folha de outono esquecido entre as páginas de um livro, definido e claro como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto - se tomado com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas se tocado por dedos bruscos num segundo me estilhaço em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto - meus gestos e palavras são magrinhos como eu, e tão morenos que, esboçados à sombra, mal se descatam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentido, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha" ].

Caio F.

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