sábado, dezembro 27, 2008

de saramago

"... às vezes perguntamo-nos porque tardou tanto a felicidade a chegar, por que não veio mais cedo, mas se nos aparece de improviso, como neste caso, quando já não a esperávamos, então o mais provável é que não saibamos que fazer, e não é tanto a questão de escolher entre o rir e o chorar, é a secreta angústia de pensar que talvez não consigamos estar à altura." José Saramago

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"Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificancias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terras de tufões. Outras vezes uma palavra é quanto basta." A jangada de pedra - saramago
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"(...) as velhas fotografias enganam muito, dão-nos a ilusão de que estamos vivos nelas, e não é certo, a pessoa para quem estamos a olhar já não existe, e ela, se pudesse ver-nos, não se reconheceria em nós." (Todos os nomes)

“(...) a pele é tudo quanto queremos que os outros vejam de nós, por baixo dela nem nós próprios conseguimos saber quem somos.” (Todos os nomes)

"(...) somos uma pequena e trémula chama que a cada instante ameaça apagar-se (...)" (Ensaio sobre a lucidez)

"A cabeça dos seres humanos nem sempre está completamente de acordo com o mundo em que vivem, há pessoas que tem dificuldade em ajustar-se à realidade dos factos, no fundo não passam de espíritos débeis e confusos que usam as palavras, às vezes habilmente, para justificar a sua covardia." (Ensaio sobre a lucidez)
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"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."
do Ensaio sobre a Cegueira
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- "Se antes de cada ato nosso nos pusessemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegariamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar".
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"Até amanhã. É interessante como levamos todos os dias da via a despedir-nos dizendo e ouvindo dizer até amanhã,e fatalmente,em um desses dias,o que foi último para alguém,ou já não está aquele a quem o dissemos,ou já não estamos nós que o tínhamos dito.Veremos se nete amanhã de hoje,a que também costumamos chamar dia seguinte,encontrando-se uma vez mais o presidente da câmara e seu motorista particular,serão eles capazes de compreender até que ponte é extraordinário,até que ponto foi quase um milagre terem dito até amanhã e verem que se cumpriu como certeza o que não havia sido mais que uma problemática probabilidade"
Ensaio sobre a lucidez
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Ficaria com: “Porque ainda está para nascer o primeiro homem desprovido daquela segunda pele a que chamamos egoísmo, muito mais dura que a primeira, que a tudo sangra.” (Ensaio sobre a cegueira)
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"Tolerar a existência do outro e permitir que ele seja diferente ainda é muito pouco. Quando se tolera, apenas se concede, e essa não é uma relação de igualdade, mas de superioridade de um sobre o outro."
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"O que chamamos cegueira era algo que se limitava a cobrir a aparência dos seres e das coisas, deixando-os intactos por trás de um véu negro"

"Nessa noite o cego sonhou que estava cego"

"Fizemos dos olhos uma espécie de espelhos virados para dentro"

"É dessa massa que somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade"
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"O Bem e o Mal não existem em si mesmos,cada um deles é somente a ausência do outro".(Evangelho)
"Se podes olhar,vê.Se podes ver,repara".(Ensaio sobre a Cegueira)
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Na tarde deste mesmo dia, como já havíamos antecipado, chegou à redacção do jornal uma carta da morte exigindo, nos termos mais enérgicos, a imediata rectificação do seu nome, senhor director, escrevia, não sou a Morte, sou simplesmente morte, a Morte é uma cousa que aos senhores nem por sombra lhes pode passar pela cabeça o que seja, vossemecês, os seres humanos, só conhecem, tome nota o gramático de que eu também saberia pôr vós, os seres humanos, só conheceis esta pequena morte quotidiana, que eu sou, está que até mesmo nos piores desastres é incapaz de impedir que a vida continue, um dia virão a saber o que é a Morte com letra grande, nesse momento, se ela, improvavelmente, vos desse tempo para isso, perceberíes a diferença real que há entre o relativo e o absoluto, entre o cheio e o vazio, entre o ainda ser e o não ser já, e quando falo de diferença real, estou referir-me a algo que as palavras jamais poderão exprimir, (...)

As intermitências da morte.
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"Não somos nós quem tomamos as decisões, são elas que nos tomam a nós..."
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" quando a minha nuvem fechada está sobre a tua nuvem fechada às vezes falta bem pouco pra que a tua à minha se junte "
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"...que nós todos continuaremos a mentir quando dissermos a verdade, que continuaremos a dizer a verdade quando estivermos a mentir, tal como ele, tal como você,..." J. Saramago - Ensaio sobre a lucidez.
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"Essas palavras, que, provavelmente, tal como se apresentam, ninguém as haveria dito antes, essas palavras tiveram a sorte de não se perderem umas das outras, tiveram quem as juntasse, quem sabe se o mundo não seria um pouco mais decente se soubessemos como reunir umas quantas palavras que andam por aí soltas, Duvido que alguma vez as pobres desprezadas venham a encontrar-se, Também eu, mas sonhar é barato, não custa dinheiro"

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Mal informados sobre a narureza profunda da Morte, cujo outro nome é fatalidade, os jornais têm-se excedido em furiosos ataques conta ela, acusando-a de impiedosa, cruel, tirana, malvada, sanguinária, vampira, imperatriz do mal, drácula de saias, inimiga do género humano, desleal, assassina, traidora, serial killer, outra vez, e houve até um semanário, dos humorísticos, que, espremendo o mais que pôde o espírito sarcástico dos seus criativos, conseguiu chamar-le filha-da-puta.

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