segunda-feira, agosto 08, 2011

Henry Miller

Pessoas sensíveis, pessoas que sentem, querem se unir de uma maneira mais profunda, mais sutil, mais durável do que é permitido pelo costume e pelas convenções. Quero dizer, segundo maneiras além dos sonhos dos utopistas sociais e políticos. A fraternidade entre os homens, caso chegasse a se concretizar um dia, é apenas o jardim de infância do drama das relações humanas. Quando o homem começa a se permitir a plena expressão, quando é capaz de se expressar sem temer o ridículo, o ostracismo ou a perseguição, a primeira coisa que faz é extravasar o seu amor. Na história do amor humano, ainda estamos no primeiro capítulo. Ainda ali, ainda no domínio puramente pessoal, a coisa é bastante precária. Temos mais de uma dúzia de heróis e heroínas para apresentar como exemplos? Duvido mesmo que tenhamos tantos grandes amantes quantos santos ilustres. Temos pilhas de eruditos, de reis e imperadores, de estadistas e chefes militares, artistas em profusão, inventores, descobridores, exploradores — mas onde estão os grandes amantes? Após um momento de reflexão, voltamos a Abelardo e Heloísa, ou a Antônia e Cleópatra, ou à história do Taj Mahal. Boa parte dessas histórias é fictícia, engrandecida e glorificada por amantes pobres cujas preces só são respondidas pelo mito e lenda.

Pag. 58 - Sexus

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